Capítulo Um:

 

A garota de olhos inocentes

 

Julian Madison Schmid estava em um trem à procura de uma cabine vazia onde pudesse se sentar. Era um rapaz alto, esguio e forte de 1,82 m, com cabelos castanhos chocolates aparados curto, com rosto côncavo, pele clara e bronzeada e lindos olhos verdes escuros. O garoto vestia uma calça jeans skinning escuro da Calvin Klein, uma camiseta polo verde da Lacoste e um tênis branco da Nike. Ao entrar em um compartimento deparou-se com a moça mais bela que já vira na vida. Ela era alta, magra e esguia, com corpo curvilíneo e proporcional aos seus 1,75 m, possuía cabelos muitos negros, lisos e repicados que lhe caiam até a cintura, sua pele era muito branca quase que como uma alusão a neve, tinha um rosto delicado como a de um anjo e a pele como de uma boneca porcelana, possuía lábios finos de tom naturalmente rosado, um nariz pequeno e levemente arrebitado, cílios longos, sobrancelhas bem delineadas e olhos intensos de azuis quase negros que transpareciam a inocência. A garota estava lendo ao que lhe parecia um romance de Shakespeare.

– Olá! – Disse ele. – Têm alguém sentado aqui?

A garota levantou os olhos do livro que lia e o guardou na bolsa, o olhou por alguns instantes e então falou:

– De modo algum, pode sentar-se.

Julian admirou-se ainda mais com a voz da garota que soou ao seu ouvido como um cântico, sua voz era leve, doce e meiga. Ao ouvir sua resposta Julian esboçou um sorriso.

– O quê? – Perguntou a garota em tom indagador ao riso do rapaz.

– Ninguém fala mais nesse tom todo rebuscado, é arcaico.  – Julian esboçou um sorriso, ao que a garota erubesceu. – Aliás, eu sou Julian.

– Olá, eu sou Sophie – Ela abriu um sorriso encantador. – Peço desculpas, mas eu estava lendo Shakespeare e ainda estava viajando um pouco.

– Eu sei bem como é. E então vai para “Academy NY”? – Pergunta ele apontando para o outro livro que estava fechado ao lado da garota, onde se lia na capa: “Livro de conduta da Academy NY”.

– É estou indo para lá este ano.

– Então, que motivo à leva a Academy NY?

– Bom, é complicado.

– Acho que sou capaz de compreender.

– Por onde devo começar...? – Ela apoiou as mãos no queixo de modo pensativo. –  Digamos que por causa da profissão do meu pai eu não tinha muito tempo para me dedicar aos meus estudos, tarefas extracurriculares e ao balé, ao mesmo tempo que precisava ir a festas de gala e reuniões diplomáticas...

– Reuniões diplomáticas? – Interrompeu Julian imediatamente. – O que seu pai faz afinal?

Sophie engoliu em seco, sabia que em algum momento teria que enfrentar essa situação. Ela só torcia para que ele reagisse normalmente e não começasse a tratá-la diferente...

– O meu pai é o Primeiro-Ministro da Inglaterra...  

– Você disse filha do Primeiro-Ministro da Inglaterra? Eu entendi direito? –  Perguntou meio espantado com a informação.

– Receio que sim... – Disse ela em um tom tímido de alguém que acaba de falar mais do que deveria. – Quero dizer, isso não importa, não é mesmo? Quero dizer..., não importa quem são nossos pais. O que realmente importa é o que nós somos, não é mesmo? – Enunciou um pouco insegura.

– Bem..., sim. Isso é o que realmente importa, mas quero dizer... – Ele parou de falar ao perceber que Sophie desviou os olhos, envergonhada. – Bom então quem é você? Defina-se. – Perguntou ele tentando entender e desvendar o enigma que era a garota por trás da névoa de inocência que pairava em seu olhar.

– Eu? Sou Sophie Lewis Rockffeller, que embora carregue um peso no nome não sou alguém esnobe que usa esse privilégio em prol de benefícios próprios.  Sou uma pessoa alheia às regras que regem a alta sociedade e que sonha em ingressar na Universidade de Harvard através de seus próprios méritos e cursar Literatura. Sou a garota que ama poesia, Arte, Literatura, História, balé, café, chocolate e morangos. Eu sou aquilo que você vê. – A garota então o olha intensamente e o analisa por alguns instantes, então questiona: – Mas e você quem é?

Pego de surpresa o garoto a olha um pouco assustado e fica em silêncio por alguns instantes, refletindo sobre a pergunta, e ao analisar a pergunta percebeu que nem mesmo ele sabia ao certo a resposta, e então por fim, enunciou:

– Hum... Eu sou Julian Madison Schmid..., ah, filho de membros da alta sociedade nova-iorquina..., herdeiro de uma grande fortuna... – Ele para de falar de repente e franze o cenho. – Não! Não é isso que quero dizer. Isso não me define. – Disse firme. Pensou um pouco e tentou novamente. – Eu sou uma pessoa que curte ficar com a galera, mas que adora ter seu próprio tempo sozinho também. Sou jogador de Lacrose, adoro velejar e sou da equipe de remo da escola. Gosto de esportes no geral. Pretendo cursar Direito na Universidade de Yale ou Princeton, embora Harvard não esteja fora de cogitação. – Disse sorrindo.

Sophie esboça um sorriso tímido.

– Então você pretende cursar Direito? – Perguntou interessada. – É um curso fascinante. – Ela sorriu. – O meu pai é do ramo da advocacia também. Algo que aprendi com ele é que todo contrato, Lei ou regra sempre tem uma brecha. O que é engraçado porque há muitas brechas nas regras da Academy NY – Ela ergue o livro de conduta da Academy NY, sorridente.  – Aliás, de que escola você é mesmo?

– Também sou da Academy NY, terceiro ano. Você tem razão há muitas brechas nas regras. – Julian sorri, entretido. – Embora a escola desconheça que os alunos conhecem ou talvez pensem que nós não tentaríamos encontrar brechas. Acho que eles cogitam que os alunos não se atreveriam a não seguir ao pé da letra, palavra por palavra, o código de conduta. – Disse em tom de conspiração. – E então já encontrou alguma brecha? – Pergunta o rapaz.

– Algumas... – Responde Sophie, com ar de mistério. – Deixe-me verificar aqui... – Ela começa a procurar nas páginas do livro uma citação. – Encontrei! – Disse com ar vitorioso. – Regra número 5: “Os alunos da Academy NY não podem falar em telefones celulares”. – Ela faz uma pausa, esboça um sorriso conspiratório e continua. – O que nos remete que as mensagens de texto não estão fora de cogitação.

– Bom, é isso aí. – Julian sorri, seus olhos brilhavam como quem acabou de ganhar na loteria. – Então você disse que gosta de poesia e queria cursar Literatura... – Começa o rapaz, pela primeira vez tímido. – Então tipo, você escreve?

– Sim... escrevo algumas coisas. – Reponde quase num sussurro.

– E são boas?

– Acho que são, quero dizer, já obtive algumas publicações no New York Times... – O garoto se espanta com a informação, afinal era o jornal de maior circulação dos Estados Unidos. – Mas... ainda não estou segura...

– Se já teve algumas publicações devem ser boas. – Ele a interrompe com um sorriso de incentivo. – Por que não fazemos o seguinte: você lê alguma poesia para mim e então eu lhe digo o que acho... Você toparia?

– Se você insiste... Dê-me só um momento. – Ela mexeu em sua bolsa de couro preto da Prada a procura de alguma coisa, quando retirou da bolsa um caderno pequeno com capa de couro marrom que parecia um fichário do qual podia colocar e retirar folhas ao seu querer e então ela o folheou por alguns momentos e o abriu em uma página. – Posso ler? – Perguntou ela.

– Claro! – Respondeu o garoto de lindos olhos verdes.

Então a garota começou a ler com sua voz leve, doce e meiga os seguintes versos:

 

Escolhas são opções

Decisões atos

Verdades são fatos

Mentiras são verdades não ditas

Fofocas são verdades com fundos falsos

A inveja geradora das fofocas

Consequências são atos não pensados

Enquanto as escolhas nos traz a indecisão

E a partir destas nossas decisões são tomadas

E a prol do futuro, ficam jogadas.

A vida é um livro infinito

Onde nossas escolhas

Levam-nos á página seguinte.

 

 O garoto então a encara abismado, com um olhar curioso e divertido, seus olhos brilhando como quem acaba de encontrar um tesouro perdido. A cada momento que passara com a garota misteriosa e de rosto inocente, mais se convencia de que a garota possuía a inocência dos anjos. Era diferente de todas as meninas que conhecia, mesmo nascida em berço de ouro à garota era assim como ela dissera alheia às regras impostas pela aristocracia na qual foi criada. Ela era divertida, jovial e inteligente. E apesar de possuir uma beleza estonteante não fazia questão de seguir o padrão de moda normal imposto pela sociedade, seu estilo era algo entre o rock e o romântico, embora não deixasse de usar marcas caras. Sophie estava vestindo uma calça skinning de couro preto da Gucci, uma blusa branca um pouco larga da King55 cuja estampa homenageava a estilista Coco Chanel, sapatilhas pretas estilo bailarina da Louis Vuitton, um cardigã cinza escuro da marca Alexander McQueen e um colar de chave da Tiffany, além de um singular anel de ouro com um coração incrustado de rubi na mão esquerda, no dedo da aliança.

– Então, o quê... – A garota parou de falar abruptamente ao perceber os olhos curiosos e verdes do garoto, contemplando-a com um sorriso meio divertido meio tímido no rosto. – Ah... O que foi? Por que esta me olhando assim? – Perguntou ela muito tímida.

– Nada... É que você é diferente,... Quero dizer, das outras garotas... Você é tão... Como posso dizer... Ah, Pura. – Disse o garoto pela primeira vez tímido ao tentar definir uma garota, pela primeira vez ele não estava elogiando apenas por elogiar, para tentar ganhar a simpatia de uma garota, ele estava sendo sincero.

– Ah... O quê você quis dizer com isso? – Questionou Sophie, muito tímida.

O garoto observou as faces do belo rosto da garota, antes muito brancas assumir um tom levemente rosado, era óbvio que ficara um pouco sem graça, o que fez com que gostasse ainda mais dela.

– O que quero dizer é que você é diferente das outras garotas. Você não está nem aí porque é rica. Você gosta das pessoas não por sua posição social, mas pelo que a pessoa realmente é. Você não é fútil, mesquinha ou esnobe. Gosto disso. – Ele esboça um sorriso meio tímido meio presunçoso e a olha admirado. Ele gostava dela e ao menos nem sabia o motivo, ele simplesmente gostava, ou talvez soubesse: Ela era diferente

– Então... O que achou da poesia? – Pergunta a garota tentando desesperadamente mudar de assunto.

– Gostei da poesia. – Diz Julian com a voz e um sorriso confiante. – Ela retrata bem a sociedade de hoje, além de traduzir aquilo que me disse sobre você, sabe... Sobre você ser alheia as regras que regem a alta sociedade. Você exemplifica na poesia a verdade que não queremos enxergar sobre as mentiras, as fofocas e a inveja.

 Sophie esboça um sorriso de admiração ao rapaz. Ele traduzira exatamente o que ela tentara disseminar em sua poesia, ele compreendera sua essência. Ao esboçar tal sorriso Julian a olha admirado, pois nunca vira um sorriso tão belo e doce. E ao admirá-la Julian começa a analisar mais atentamente o belo rosto da garota, e ao fazê-lo percebeu algo peculiar.

– Você não está usando maquiagem, está? – Pergunta Julian fascinado.

– Na verdade, estou usando um rímel incolor e um protetor labial. – Responde Sophie entre os risos.

– Impressionante! – Exclamou Julian sorrindo.

– O quê? – Pergunta Sophie um pouco tímida.

– O fato de você não estar usando maquiagem. Quero dizer, as outras garotas usam maquiagem para se parecerem como você. Perfeita. E você nem ao menos usa maquiagem. Impressionante. – Explica o rapaz  sorrindo, estava cada vez mais impressionado com a garota.

Nisso ouve-se o apitar do trem.

– Bom, parece que chegamos. Então gostaria de um guia, para apresentá-la a bela e mui grande Academy NY? – Pergunta Julian, com um sorriso presunçoso no rosto.

– Eu adoraria! – Reponde Sophie entre os risos ao perceber o sorriso presunçoso no rosto de Julian. Ela gostava dele, pois tinha a leve sensação de que ele a compreendia.

 

 

Espero que tenham gostado, fiquem atentos para o próximo capítulo, deixem seus comentários no livro de visitas.

Beijinhos, beijinhos você sabe que me ama!

Por: Laura Glapinski

Galeria de fotos

A galeria de fotos está vazia.

Contato

Laura Glapinski lauraa.zacca@hotmail.com